Praia Itacarezinho (Foto João Ramos/Bahiatursa)
A retomada do turismo é motivo de comemoração, mas também reforça uma questão importante. Como fornecedores e consumidores vêm unindo forças para reconstruir os negócios com parâmetros mais sustentáveis? Como diminuir a pegada de carbono da indústria? Afinal, viajar é uma delícia, mas não dá para fechar os olhos para as emissões decorrentes da atividade turística.
Perdida entre tantos obstáculos decorrentes da pandemia, infelizmente essa questão ainda está longe de ser resolvida. A boa notícia é que há iniciativas que reforçam a perspectiva de um futuro mais verde – sendo que uma delas é brasileira e premiada.
É o “Turismo CO2 Legal”, programa criado pela associação Mecenas da Vida que une diversos elos na captação de recursos para custear ações sustentáveis em Itacaré (BA), destino que tem a atividade turística como principal fonte de divisas.
Como funciona?
A mecânica proposta pela ONG é simples: empresas de diversos setores do turismo e outros negócios locais interessados pagam uma taxa fixa por tonelada emitida de gases de efeito estufa (GEE) e difundem a ideia de mitigação entre seus clientes. Os viajantes que aderem à causa fazem uma contribuição voluntária, incluída na diária do hotel ou pousada, e recebem o Cartão de Vantagens para ter descontos no comércio local.
O sistema, implantado em 2009 na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa de Itacaré – Serra Grande, foi reconhecido pela Unesco como exemplo de novas e boas práticas relacionadas à educação para o desenvolvimento sustentável. Ele chama a atenção pela simplicidade, eficiência e facilidade de ser implantada em qualquer canto do planeta.
Não à toa, o projeto foi um dos ganhadores da segunda edição do Prêmio de Turismo Responsável, concedido pela WTM Latin America, em abril deste ano. A ONG levou a medalha de ouro na categoria descarbonização da indústria de viagens e turismo por cumprir com os três quesitos exigidos pelo júri: originalidade, impacto e potencial de replicação dentro da indústria do turismo.
Atualmente, a rede colaborativa tem apoio de 20 meios de hospedagem nos destinos; 13 restaurantes, bares, cafés e lanchonetes; e dezenas de estabelecimentos do comércio em geral. Os recursos captados são usados para iniciativas diversas, incluindo o estímulo à contratação de agricultores locais para a execução de serviços ambientais, apoio à produção e certificação orgânica e implantação de sistemas agroflorestais.
Apoio às comunidades tradicionais
Dessa forma, o fundo também financia ações para melhorar a qualidade de vida das famílias, contemplando os aspectos sociais, econômicos e ambientais que mantêm o conceito de sustentabilidade em pé. Além de fornecer uma alternativa de renda às comunidades tradicionais, a inclusão delas na estratégia faz com que atuem como guardiões dos ativos naturais e perpetuem as posturas responsáveis entre as gerações futuras.
Curtiu? Pois saiba que não é preciso ter uma viagem marcada para Itacaré para apoiar o projeto. A participação se dá por meio de contribuições voluntárias, de qualquer valor, para compensar as emissões cotidianas. Outra forma de ajudar é aderir às iniciativas “adote um trabalhador do planeta” e “adote uma família de agricultores tradicionais”, ambas abertas a pessoas físicas e jurídicas.
O primeiro projeto ajuda a custear o trabalho de campo da ONG, enquanto o segundo oferece renda a famílias em situação de vulnerabilidade que aderem a uma série de contrapartidas, incluindo a conservação de remanescentes florestais nas propriedades onde vivem, o reflorestamento de áreas desmatadas e o abandono da caça e do uso de fogo para a limpeza de roças.
Os apadrinhados também se comprometem a manter os filhos matriculados nas escolas, preservando-os do trabalho pesado da roça, e a participar de capacitações oferecidas pela equipe da Mecenas da Vida. Salvador Ribeiro, coordenador do programa, acrescenta que a ONG assessora os agricultores e vem trabalhando na estruturação de canais e espaços para a comercialização da produção agroecológica local.
Durante um painel realizado na WTM Latin America, ele lembrou que a mitigação das emissões por meio do turismo é possível e necessária. “O programa traz um mecanismo colaborativo para custear as ações e também ajuda a melhorar a qualidade de vida das comunidades. Mantém o homem do campo no campo, cria guardiões locais dos ativos naturais e provoca o turista para colaborar com a manutenção do destino”, finaliza.
Saiba mais: www.mecenasdavida.org.br
2 comentários sobre “Como diminuir a pegada de carbono do turismo? A resposta vem do sul da Bahia”
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